A experiência vivida por pais e mães de crianças com autismo é muitas vezes deturpada nas redes sociais e na mídia, não refletindo a realidade diária que eles enfrentam

Por Kelly Souza

Hoje, 2 de abril, é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo.

Tenho um filho de 15 anos no espectro, que também tem diagnóstico de TDAH e Deficiência Intelectual.

Infelizmente, quando essa data chega, muitas pessoas romantizam o autismo, retratando os autistas como gênios da matemática, da computação ou como futuros cientistas brilhantes.

Mas a realidade da maioria das famílias atípicas está longe desse glamour.Quantas vezes nossos filhos têm dificuldade para amarrar o próprio cadarço ou escovar os dentes? Quantos nem sequer são verbais?

Como mães e pais, claro que gostaríamos que nossos filhos tivessem facilidades, mas o dia a dia é muito mais complexo e desafiador. Nossa luta, especialmente neste dia, é mostrar o que realmente vivemos. O autismo não é um conto de fadas. Não são apenas momentos felizes.

Pelo contrário, enfrentamos muitas portas fechadas, muitos “nãos”, muitas incertezas e muitas lágrimas – às vezes, sufocadas em silêncio, porque nem sempre temos acesso a assistência psicológica ou uma rede de apoio.

Não quero desanimar os pais que estão recebendo o diagnóstico de seus pequenos agora, mas é importante alertá-los: existem leis, existem teorias, mas na prática, ainda há muito a ser construído. Precisamos de mais conscientização e informação sobre o que realmente significa o autismo e como ele impacta toda uma família.

Hoje, no Dia da Conscientização do Autismo, minha mensagem é essa: enxerguem além dos estereótipos. O autismo não é um superpoder, mas também não deve ser invisibilizado. Precisamos de inclusão real, apoio verdadeiro e, acima de tudo, respeito pelas nossas lutas diárias.

O autismo não tem cara mas tem coração.