7 de Setembro: o vazio das ruas e a soberania de papel
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Desfile oficial escancara palanques vazios, gastos desproporcionais e a falta de independência real do Brasil
Por Andrey Neves
Nem surpresa, nem novidade: o 7 de Setembro mais uma vez virou palco de acenos para o vento. Lula e Janja desfilaram diante de meia dúzia de gatos pingados e alguns familiares de militares.
A pergunta que ecoa é simples: onde estava o povo que elegeu o presidente?
O custo por cabeça desse espetáculo militar não fecha a conta.
A cada ano, o dinheiro público banca uma festa para poucos, enquanto manifestações populares, sem um centavo do Estado, conseguem reunir milhões nas ruas. Se o desfile é para reafirmar soberania, a cena soa contraditória: vazio de apoio, cheio de protocolos.
Soberania, aliás, virou palavra bonita para discursos, mas distante da realidade. No aparelho em que você lê esta matéria, no GPS que guia sua vida e até na rede que conecta o país, nada é nosso.
Não é incapacidade tecnológica, é ausência de incentivo. O Estado prefere taxar do que fomentar. Resultado: continuamos comprando de fora o que poderíamos produzir aqui.
Entre fanfarras, palanques e bandeiras, a reflexão é inevitável: qual a independência de um país que terceiriza sua própria autonomia? Talvez um 7 de Setembro mais sensato e menos coreografado ajudasse a recuperar não só a autoestima nacional, mas a soberania que já deveria ser nossa.