Fogos juninos e autismo: como reduzir o impacto do barulho nas festas de São João
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Especialistas alertam para os efeitos dos fogos em pessoas com hipersensibilidade auditiva e sugerem alternativas menos agressivas
Com a chegada das festas juninas, o uso de fogos de artifício volta a preocupar famílias de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A hipersensibilidade auditiva, característica comum entre autistas, pode transformar a celebração em um momento de estresse e sofrimento.
De acordo com especialistas, os estouros repentinos e intensos afetam diretamente o bem-estar de quem possui essa sensibilidade. Em muitos casos, o barulho é interpretado pelo cérebro como uma ameaça, gerando medo, agitação, crises e até sintomas físicos, como dores ou desorientação. Crianças e adultos com autismo podem apresentar comportamentos de fuga, isolamento ou agressividade nesses contextos.
A psicóloga Renata Sousa, que atua com neurodivergências, explica que a antecipação dos ruídos, por meio de preparo sensorial ou explicações visuais, pode amenizar reações extremas. “O uso de abafadores, avisos prévios e a preferência por fogos sem estampido são atitudes que ajudam muito”, orienta.
Algumas cidades brasileiras já adotaram legislações que proíbem fogos com barulho, priorizando os de efeitos visuais. A medida busca equilibrar o direito à festa com o respeito a pessoas com autismo, idosos, bebês e animais.
Pais, responsáveis e vizinhos também podem colaborar com ações simples, como informar a hora dos fogos ou reduzir a intensidade dos artefatos usados em áreas residenciais. Organizações ligadas à causa autista lançam, todos os anos, campanhas de conscientização para estimular práticas mais inclusivas durante o período junino.
Embora a tradição dos fogos esteja ligada à celebração, especialistas lembram que empatia e adaptação não significam o fim da festa, mas sim a possibilidade de celebrar com mais respeito e cuidado.
Roman_Yanushevsky/DepositPhotos