Escândalo no Jockey expõe desvio e atinge Marconi Perillo

Compartilhar

Investigação aponta uso indevido de incentivos fiscais e empresas fantasmas ligadas ao ex-governador goiano

O Jockey Club de São Paulo, símbolo do luxo paulistano por mais de um século, vive um dos maiores escândalos de sua história. Endividado em cerca de R$ 800 milhões, o clube agora é alvo de uma investigação que aponta o desvio de R$ 83,6 milhões em recursos públicos provenientes de incentivos fiscais.

Segundo apuração exclusiva do UOL, publicada neste domingo (19), os valores seriam destinados à restauração da sede histórica tombada às margens do Rio Pinheiros. No entanto, as notas fiscais levantadas mostram indícios de duplicidade de comprovantes, gastos incompatíveis e vínculos com empresas fantasmas.

Entre as principais irregularidades, aparece o repasse de R$ 11,2 milhões para a construtora Vidal, de Goiânia, que só existe no Instagram e não possui sede física nem sócia localizada. Além disso, parte dos recursos teria sido usada em despesas pessoais, como jantares com vinhos importados, diárias de hotel e até pagamentos de condomínio.

O nome do ex-governador de Goiás e presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, surge no centro da polêmica. Sócio do clube desde 2019 e conselheiro desde 2022, Perillo estaria articulando a redução das dívidas fiscais do Jockey, mas documentos mostram repasse de verbas a empresas ligadas a ex-assessores e familiares. Entre elas, a Elysium Sociedade Cultural, criada por decreto de Perillo em 2014.

O tucano chamou as acusações de “leviandade” e o Jockey alegou ser alvo de perseguição da Prefeitura de São Paulo, que rejeitou as contas do TDC (Termo de Doação de Cotas) e abriu uma auditoria. Já a Elysium afirma seguir as regras legais.

A investigação, porém, lança dúvidas sobre a transparência no uso de leis de incentivo, como a Rouanet e os TDCs municipais, e coloca em xeque o futuro político de Perillo, que figura com 15,6% das intenções de voto em Goiás para 2026 (AtlasIntel).

O caso agora segue para auditoria da Prefeitura de São Paulo, que pode exigir a devolução dos valores desviados e abrir caminho para investigações federais sobre o uso indevido de recursos públicos destinados à cultura e ao patrimônio histórico.

Faça um comentário