O “Ministério do Namoro” e o casamento forçado com o populismo

Publicado em: 23/10/2025 12:40

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Enquanto o país sangra em dívidas e impostos, o governo cria um “cupido estatal” para unir casais ideológicos e distancia ainda mais o povo da realidade

Por Andrey Neves

O governo federal resolveu brincar de matchmaker. O recém-anunciado “Ministério do Namoro”, apresentado como uma ferramenta para “unir pessoas que compartilham valores de soberania nacional e justiça social”, soa mais como um roteiro de paródia política do que como política pública séria. É o “cupido do GOVBR”: uma tentativa desajeitada de travestir populismo em inovação social.

Mas o que há por trás dessa ideia? Um novo modelo de engajamento ou mais um desvio de foco para maquiar a crise fiscal que se agrava a cada boletim econômico? O país se aproxima de um rombo de 30 bilhões de reais, e a prioridade do Planalto é… fomentar o amor ideológico. É como tentar apagar incêndio com confete.

Enquanto isso, o cidadão comum — aquele que acorda cedo, enfrenta transporte precário e vê o salário derreter em impostos — se pergunta quanto custará essa “paixão pública”. E o governo, que já convive com a sombra da má gestão, parece acreditar que o brasileiro precisa de um aplicativo estatal para se apaixonar pela “causa”.

Vale lembrar que, segundo o Janjômetro, R$ 117.250.501,23 (cento e dezessete milhões, duzentos e cinquenta mil, quinhentos e um reais e vinte e três centavos) já foram torrados em despesas ligadas à primeira-dama e sua estrutura. No mesmo país em que o Impostômetro ultrapassa a marca de R$ 3.185.044.248.773,38 (três trilhões, cento e oitenta e cinco bilhões, quarenta e quatro milhões, duzentos e quarenta e oito mil, setecentos e setenta e três reais e trinta e oito centavos), é difícil sustentar o discurso de austeridade.

O deputado Nikolas Ferreira ironizou:

“O Brasil caminha pra fechar o ano com um rombo fiscal de 30 bilhões de reais e o PT está preocupado em brincar de cupido. Só otário defende esse governo.”

Nas redes, o humor virou indignação coletiva:

“Vivemos num narcoestado, mas pelo menos temos app de namoro estatal.”
“Olhei duas vezes pra ver se era o perfil oficial. Era. A vergonha é real.”
“Não precisa cuspir na minha cara!”

Uma análise feita pela inteligência artificial Grok, do X (antigo Twitter), apontou que apenas 8% dos comentários foram positivos, 82% negativos e 10% neutros. A repercussão reflete o que a maioria sente: descompasso total entre as prioridades do governo e as urgências do povo.

No fim, o “Ministério do Namoro” parece mais um casamento arranjado entre populismo e distração pública. O problema é que, nessa união, quem acaba traído é o contribuinte.

E você, leitor vai continuar assistindo de camarote enquanto transformam o país em uma comédia romântica de corrupção?

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