O “rei da Caixa de Pandora” ainda não voltou ao jogo

Publicado em: 30/10/2025 15:30Tags: , , ,

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Entre condenações, manobras políticas e uma ficha que insiste em não se apagar, o ex-governador José Roberto Arruda continua fora da disputa eleitoral


Por Andrey Neves

José Roberto Arruda tenta há anos reescrever sua própria história política, mas a Justiça insiste em lembrar o que ele quer que o eleitor esqueça. O ex-governador do Distrito Federal, pivô da Operação Caixa de Pandora, aquele escândalo dos maços de dinheiro, dos panetones e da coreografia de propinas, continua inelegível, mesmo com seu discurso ensaiado de arrependimento e boa gestão.

Arruda comandou o DF entre 2007 e 2010, mas caiu antes do fim do mandato após a Operação Caixa de Pandora, deflagrada em 27 de novembro de 2009, revelar um esquema de corrupção e distribuição de propinas que envolvia deputados distritais e empresas de informática. O suposto “mensalão candango” custou caro: prisão preventiva em fevereiro de 2010 e a primeira grande mancha no currículo do ex-governador.

Depois vieram as condenações em série:
Falsidade ideológica, por recibos falsos, em 5 de maio de 2017.
Fraude em contratos públicos, entre 2006 e 2009, que renderam processos por improbidade administrativa.
Nova condenação em 21 de dezembro de 2023, quando o TJDFT manteve a decisão que suspendeu seus direitos políticos por 12 anos e o proibiu de contratar com o poder público.

A matemática é simples: enquanto durar a suspensão, Arruda segue fora de qualquer disputa. A Lei da Ficha Limpa é clara — quem foi condenado por ato doloso de improbidade com dano ao erário e enriquecimento ilícito fica inelegível por oito anos após o fim da pena. Ou seja, o cronômetro dele ainda nem zerou.

Mesmo assim, o ex-governador continua aparecendo em eventos, tentando acenar ao eleitor como quem pede uma segunda chance. Mas Brasília lembra. Lembra das malas, dos vídeos e do dinheiro trocando de mãos como se fosse parte natural da política.

Arruda pode até insistir no papel de “gestor eficiente”, mas o roteiro já é conhecido. E a Justiça, ao contrário do eleitorado que ele tenta reconquistar, ainda não comprou esse novo personagem.

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