Em discurso na Avenida Paulista, deputado ataca ministro e convoca nova mobilização popular

Por Andrey Neves

Mais um episódio dessa série chamada Brasil. Na Avenida Paulista, Nikolas Ferreira rasgou o verbo afirmando que Alexandre de Moraes se esconde atrás da toga. E aqui faço um parêntese: estamos falando do ministro do “dedo médio”, corintiano roxo, alvo de sanção pela Lei Magnitsky — aquela que lhe tirou o direito de visitar a Disney, de usar redes sociais e até de movimentar cartões de crédito. Em outras palavras, tratado no exterior como alguém que ultrapassou limites graves, ao lado de nomes ligados a violações de direitos humanos, corrupção e até terrorismo. Diante disso, fica a pergunta: será que agora já está claro em quem deveríamos colocar tornozeleira eletrônica? Porque, a meu ver, a mesma lei que pune ditadores deveria também alcançar aqueles que os defendem — de toga ou sem ela.

Em sua fala, Nikolas Ferreira afirmou que o ministro Alexandre de Moraes é um violador dos direitos humanos. “E não falo do direito do ladrão de roubar celular para tomar cervejinha” (minha fala), destacou, ressaltando que o problema é a liberdade de expressão dos brasileiros. O deputado lembrou ainda o caso de Daniel Silveira, preso, segundo ele, injustamente, “apenas por suas opiniões”, e criticou a decisão que impediu Bolsonaro de indicar Alexandre Ramagem para a Polícia Federal.

Durante o discurso, Nikolas acusou Moraes de favorecer Lula durante a campanha eleitoral. Segundo ele, o TSE proibiu falar sobre supostas ligações do petista com facções e ditadores, mas permitiu a circulação de fake news contra Bolsonaro. “Até de canibalismo ele foi acusado, sem provas”, afirmou. E completou: “O Brasil é o único país onde um capitão perde para um presidiário”.

Ao mencionar o 8 de janeiro, o deputado reforçou: “Não foi golpe. Golpe é não ter Bolsonaro nas eleições de 2026. Golpe é derrubar contas de pessoas de direita e abrir inquéritos que nunca acabam”.

Nikolas também criticou Lula por enviar avião da FAB para buscar uma aliada no Peru e por pedir a soltura de Cristina Kirchner na Argentina. “O povo está nas ruas pedindo fora Lula e fora o ministro do dedo médio” (esse trocadilho é por minha conta), declarou.

Em tom de recado, disse ao presidente da Câmara, Hugo Motta, que é hora de “separar homens de meninos”. Ao senador Davi Alcolumbre, adiantou que o trigésimo pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes chegará à sua mesa ainda esta semana.

Nesse momento, ao ouvir o barulho de um helicóptero, Nikolas perguntou: “É a Globo?”. O público respondeu em coro: “Globo lixo”.

O deputado defendeu também a PEC 333, que acaba com o foro privilegiado e cria contrapesos ao STF, sob liderança de Sóstenes. E concluiu: “Ministros e juízes têm poder, mas acima deles está Deus, que olha pelo Brasil. Nós somos o verde e amarelo que não desiste. Sabe quando vamos parar? Nunca”.

Entre aplausos e gritos, encerrou convocando a população para voltar às ruas no dia 7 de setembro.