Arruda tenta ressuscitar a própria imagem e leva porta na cara
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Rejeitado em culto evangélico, o ex-governador reaparece tentando trocar fé por perdão político, mas o roteiro da redenção improvisada não convenceu nem os fiéis
Por Andrey Neves
Arruda parece estar descobrindo, da pior forma possível, que Brasília não tem amnésia. A tentativa de reaparecer como “homem arrependido” em um culto evangélico terminou em constrangimento público. Ele chegou ao evento sem ser convidado, tentando se misturar a líderes religiosos, e acabou barrado pelos próprios pastores uma cena que dispensava legenda.
O ex-governador, conhecido pelos escândalos que mancharam sua trajetória, parece acreditar que altar é palanque e que versículos podem limpar a ficha de quem rasgou a ética. Mas o público que o recebeu mostrou maturidade: a fé não é detergente para reputações políticas.
Ao ser impedido de discursar, Arruda reagiu com a arrogância de quem ainda se acha dono do poder. Chegou a discutir com um presbítero e, segundo relatos, prometeu “lembrar disso” caso volte ao governo. É o velho reflexo autoritário de quem confunde perdão com impunidade.
Brasília já viu esse filme e não quer reprise. A encenação da conversão política soa cada vez mais falsa, principalmente quando vem embalada em promessas de um novo homem que insiste em repetir os mesmos erros.
A tentativa de transformar o púlpito em trampolim eleitoral foi um vexame anunciado. E o episódio deixa um recado claro: há lugares onde nem o marketing nem a memória seletiva conseguem abrir portas.

