Estudo mostra que mais de 40% da renda anual do cidadão vai para tributos, enquanto retorno em serviços públicos segue entre os piores do mundo

Por Andrey Neves

O brasileiro trabalhou, em média, 149 dias neste ano apenas para pagar impostos, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Isso significa que, até 29 de maio, todo o rendimento do contribuinte foi destinado exclusivamente ao financiamento da máquina pública — o equivalente a quatro meses e 29 dias de trabalho.

A carga tributária representa mais de 40% da renda média anual do cidadão, considerando tributos federais, estaduais e municipais. Apesar disso, o Brasil segue na última posição de um índice internacional que avalia o retorno em bem-estar social oferecido em troca desses tributos.

Entre os fatores que explicam o aumento do número de dias dedicados ao pagamento de impostos neste ano estão a reoneração da folha de pagamento para empresas de 17 setores — em vigor desde abril — e o reajuste do ICMS em diversos estados, como Acre, Alagoas, Minas Gerais, Sergipe e Paraíba, que passaram a aplicar alíquotas de 20%. Além disso, a taxação de compras internacionais de até 50 dólares, apelidada de “imposto das blusinhas”, também contribuiu para a alta na carga tributária.

Mesmo diante desse cenário, o retorno dos impostos em serviços públicos continua aquém do esperado, com índices de saúde, educação, transporte e segurança defasados. O desequilíbrio entre o que se paga e o que se recebe tem alimentado críticas e descontentamento nas redes sociais.