Buscas por “Meu INSS” disparam após temor de prejuízo na aposentadoria
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Fraudes em descontos do INSS elevam buscas por reembolso e alimentam desconfiança
Por Andrey Neves
Mais de 1,5 milhão de pedidos já foram registrados na plataforma Meu INSS; investigações apontam que milhares de beneficiários não autorizaram os descontos
A escalada de desconfiança em relação ao sistema previdenciário brasileiro tem gerado reflexos diretos no comportamento dos usuários. Mais de 1,5 milhão de pedidos de reembolso já foram protocolados na plataforma Meu INSS, após denúncias de descontos não autorizados aplicados sobre aposentadorias e pensões.
Segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU), ao menos 40 entidades estão sendo questionadas por cobranças associativas supostamente indevidas. Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), citado em processo de fiscalização, revelou que 97,6% dos beneficiários entrevistados negaram ter autorizado os débitos. No caso do Sindnapi, um dos sindicatos sob investigação, 76,9% dos entrevistados disseram não reconhecer os descontos.
O Ministério da Fazenda estima que até um terço dos valores pagos a essas associações desde 2020 podem ser irregulares. A projeção do ministro Fernando Haddad aponta para aproximadamente R$ 2 bilhões de um total de R$ 5,9 bilhões movimentados nos últimos anos via desconto direto em folha.
As investigações ocorrem em paralelo ao aumento expressivo de buscas por termos como “Meu INSS” e “reembolso INSS” no Google, demonstrando o impacto direto da crise de confiança sobre o sistema. Em nota, o INSS reforça que apenas entidades legalmente conveniadas podem aplicar descontos e orienta que os usuários façam suas verificações exclusivamente pelos canais oficiais.
A recomendação das autoridades é que os beneficiários revisem com frequência seus extratos de pagamento e, em caso de suspeita de cobrança indevida, utilizem o serviço de contestação e reembolso no próprio site ou aplicativo Meu INSS.
Foto: gov.br