Déjà vu político | Arruda ensaia o mesmo roteiro de sempre
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Ex-governador tenta reacender a própria chama política em meio às sombras do passado
Por Andrey Neves
José Roberto Arruda voltou a aparecer com frequência nas redes sociais de colegas e aliados, sorrindo em eventos, apertando mãos e trocando gentilezas com eleitores. O ex-governador do Distrito Federal parece querer reacender a chama da esperança política dentro de si, apostando que manobras recentes possam torná-lo elegível novamente para disputar o comando do Buriti em 2026.
A imagem pública de tranquilidade, no entanto, contrasta com a longa trajetória marcada por escândalos que abalaram a confiança dos brasilienses. Arruda foi um dos principais nomes do chamado “mensalão do DEM”, investigação que revelou um esquema de propina envolvendo membros do governo e empresários, episódio que ficou conhecido como “Caixa de Pandora”. As imagens de políticos recebendo dinheiro em maços ficaram gravadas na memória coletiva, simbolizando uma das maiores crises políticas da capital federal.
Mesmo após cumprir penas e recorrer de decisões, Arruda ainda enfrenta o peso moral das condenações por improbidade administrativa, termo que define atos praticados por agentes públicos que causem dano ao erário, violem princípios da administração ou obtenham vantagem ilícita. Em outras palavras, trata-se de corrupção, desvio de conduta ou uso indevido do cargo público em benefício próprio ou de terceiros.
A recente promulgação da Lei Complementar nº 219/2025, que altera regras de inelegibilidade, reacendeu debates sobre quem poderá ou não voltar às urnas. O nome de Arruda aparece no centro dessa discussão, visto que ele tenta se beneficiar de mudanças legais que podem reverter restrições anteriores impostas por condenações.
Nas ruas, o povo lembra com indignação os escândalos que mancharam a política do DF. A reaproximação de Arruda com antigos aliados e a tentativa de normalizar sua presença pública indicam que o ex-governador ainda acredita ter espaço no tabuleiro eleitoral.
Mas o tempo político é implacável. A memória coletiva, ainda mais. E os brasilienses não esquecem de uma frase que marcou uma de suas campanhas: “arrudeia”. Hoje, muitos dizem que quem arrudiou, se ferrou.