Haddad propõe reforma do IR com foco nos super ricos

Published On: 18/04/2025 11:49Etiquetas: , , ,

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Ministro da Fazenda afirma que medida vai expor desigualdades no sistema, mas críticos apontam risco de evasão fiscal e retorno limitado à sociedade

Por Andrey neves

A proposta de reforma do Imposto de Renda apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao Congresso Nacional acendeu uma nova rodada de debates sobre justiça tributária no Brasil. Segundo o ministro, a medida visa corrigir distorções no sistema atual, isentando contribuintes com renda de até R$ 5 mil mensais e estabelecendo uma tributação mínima para quem recebe acima de R$ 50 mil. Haddad argumenta que a proposta não busca ampliar a arrecadação, mas redistribuir a carga tributária, e que ela causará um “constrangimento moral” aos super ricos ao evidenciar a desigualdade vigente.

A analogia feita por Haddad compara os mais ricos a moradores de cobertura que não pagam condomínio, reforçando a ideia de que todos devem contribuir de forma proporcional. No entanto, especialistas e comentaristas reagem com ceticismo. Para eles, o discurso do ministro se aproxima de um populismo fiscal às vésperas de um novo ciclo eleitoral.

Críticos afirmam que, embora a desigualdade tributária seja um problema real — já que mais da metade dos tributos são indiretos e pesam mais sobre os pobres —, a solução proposta não enfrenta a raiz do problema. Argumentam ainda que, ao tentar compensar isenções com maior carga sobre os muito ricos, o governo pode estimular a evasão fiscal e desincentivar investimentos.

Além disso, a desconfiança recai sobre o uso dos recursos arrecadados. A percepção é de que o problema não está apenas na cobrança, mas no retorno dos impostos à população. Em países com carga tributária semelhante ou até superior, a população conta com serviços públicos de qualidade, o que não se verifica no Brasil. A crítica mais recorrente é de que, antes de mirar nos “super ricos”, o governo deveria rever seus próprios gastos e mostrar maior eficiência na gestão dos recursos públicos.

A proposta, portanto, encontra resistência tanto pela forma quanto pelo momento. No cenário atual, analistas veem mais um movimento simbólico do que uma medida efetiva de transformação estrutural.

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