Ex-governador do DF segue inelegível até 2032, mesmo após alterações na legislação eleitoral

Por Andrey Neves

José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal, condenado por corrupção e símbolo de um dos maiores escândalos políticos da capital, continua inelegível até 2032. Apesar das recentes mudanças na Lei da Ficha Limpa, juristas e ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) reforçam que a nova redação não retroage para beneficiar políticos já condenados.

Arruda tenta, mais uma vez, usar brechas jurídicas para retornar à cena política, mas a Justiça Eleitoral é clara: quem já recebeu condenação por improbidade administrativa ou corrupção com dolo e enriquecimento ilícito não pode disputar cargos. A alteração na lei, que limitou a inelegibilidade a casos em que houve dano ao erário com enriquecimento ilícito, não limpa a ficha de quem já foi julgado e condenado.

A situação de Arruda, envolvido no escândalo conhecido como “Mensalão do DEM”, é definitiva. O ex-governador protagonizou um dos episódios mais vergonhosos da política do DF, aparecendo em gravações recebendo dinheiro de propina. A imagem dele escondendo maços de dinheiro nas meias e nos bolsos até hoje simboliza a corrupção que manchou a capital.

Especialistas afirmam que as mudanças na lei foram feitas para corrigir distorções futuras, e não para “anistiar” corruptos do passado. “Não se trata de dar segunda chance a quem já foi condenado. O que aconteceu, aconteceu, e as condenações continuam valendo”, explicaram ex-integrantes do TSE.

O fato é que, apesar das tentativas, Arruda permanece fora da disputa eleitoral. O eleitor brasiliense, que já viveu de perto os reflexos de sua gestão marcada por escândalos, não verá o político novamente nas urnas.

Assim, qualquer expectativa de retorno de José Roberto Arruda ao poder é apenas mais um capítulo da velha tentativa de um condenado pela Justiça em reescrever sua história. Mas a realidade é uma só: quem cometeu corrupção não apaga o passado com uma canetada.