Com uso de tecnologia e ações de prevenção, CBMDF registra queda de 70% na área atingida por incêndios florestais

Por Andrey Neves

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) apresentou nesta quarta-feira (3) os resultados parciais da Operação Verde Vivo 2025, que coordena as ações de prevenção e combate aos incêndios florestais durante a seca. Os dados indicam uma redução significativa da área queimada e do número de ocorrências em comparação com 2024, reforçando o impacto das estratégias adotadas.

Entre maio e agosto de 2025, a área atingida pelas chamas caiu 70%, passando de 10.720 hectares em 2024 para 3.226 hectares neste ano. Já o número de ocorrências reduziu 12%, de 4.889 para 4.311 registros. A queda foi mais expressiva nos meses de maio, julho e agosto, tanto em ocorrências quanto em área destruída. Em junho, o número de focos foi praticamente o mesmo, mas a área queimada apresentou retração de 81%.

A operação conta com 956 militares mobilizados de forma exclusiva, além de uma estrutura de pronto emprego capaz de acionar até 600 bombeiros em menos de duas horas para ocorrências de grande porte. Foram instalados 12 postos avançados em locais estratégicos, como Brazlândia, São Sebastião e Gama, além do uso intensivo de tecnologia: drones, monitoramento aéreo e veículos adaptados para áreas de difícil acesso.

O foco principal está nas cinco áreas de biosfera do DF, reconhecidas pela riqueza ambiental e que recebem atenção redobrada. Ainda assim, o CBMDF reforça que 99% dos incêndios têm origem humana, seja por negligência, descuido ou ação criminosa. Por isso, orienta a população a evitar queimadas ilegais, descartar lixo corretamente e denunciar comportamentos de risco pelo telefone 193.

Durante a entrevista, foi destacada a dificuldade em punir os responsáveis por incêndios criminosos. Embora a pena prevista seja de 1 a 3 anos de prisão, o flagrante raramente ocorre, o que torna a responsabilização um grande desafio. Segundo os bombeiros, muitas áreas chegam a registrar reincidência de focos criminosos no mesmo dia, exigindo apoio das forças policiais e uso de drones para monitoramento.

A operação também atua no campo da conscientização, deixando claro que existem leis específicas para punir quem provoca queimadas e que o trabalho de prevenção é fundamental para preservar o Cerrado. Questionados sobre possíveis sistemas de alerta para a população, semelhantes ao Alerta Amber, os bombeiros explicaram que a proposta inicial é que somente a corporação receba os avisos, evitando que moradores tentem combater o fogo por conta própria sem o preparo adequado, o que poderia gerar acidentes graves.

Outro ponto abordado foi a recuperação das áreas afetadas. Apesar das queimadas, especialistas do CBMDF explicaram que o Cerrado possui uma capacidade natural de regeneração, conhecida como fitofisionomia. Assim, logo nas primeiras chuvas, a vegetação tende a se recompor, reduzindo a necessidade de bancos de sementes específicos para reflorestação em determinadas regiões.

A Operação Verde Vivo 2025 se consolida, portanto, como uma estratégia que vai além do combate direto às chamas, buscando unir tecnologia, prevenção, conscientização e integração da sociedade para proteger vidas, patrimônios e a biodiversidade do Distrito Federal.

📌 Nota de linguagem
Os termos “reflorestação” e “reflorestamento” são sinônimos. Ambos significam o ato de plantar novamente árvores em áreas desmatadas ou queimadas.

No Brasil, o uso mais comum em documentos oficiais e na mídia é reflorestamento, enquanto em Portugal e em alguns contextos acadêmicos utiliza-se mais reflorestação.

Nesta reportagem, a equipe optou por empregar reflorestação para manter coerência com o material audiovisual produzido pelo grupo.