Primeiro pontífice latino-americano, Francisco faleceu nesta segunda-feira e encerra uma era marcada por acolhimento, simplicidade e luta por justiça social

Por Andrey Neves

O mundo amanheceu mais silencioso nesta segunda-feira com a notícia da morte do Papa Francisco, aos 88 anos. Primeiro pontífice nascido na América Latina, Jorge Mario Bergoglio partiu deixando uma marca profunda não só na Igreja Católica, mas também na história contemporânea.

Desde sua eleição, em 2013, Francisco se destacou por romper protocolos e se aproximar dos fiéis com gestos simples e palavras de acolhimento. Sua morte encerra um pontificado que tentou atualizar a Igreja diante dos desafios do século 21 — e emociona milhões de pessoas que se sentiram tocadas por sua humanidade.

Natural de Buenos Aires, o ex-arcebispo da capital argentina enfrentou críticas e desconfianças ao ser escolhido papa. Seu passado durante a ditadura militar e posições conservadoras no início da carreira foram lembrados com ressalvas. Mas, ao longo dos anos, Francisco foi se tornando símbolo de abertura.

Foi ele quem declarou que “os homossexuais são filhos de Deus” e quem defendeu a presença das mulheres em cargos de liderança no Vaticano. Mesmo sem alterar dogmas centrais, promoveu mudanças que abriram portas para uma Igreja mais próxima das pessoas.

Sua partida deixa um vazio difícil de preencher. Francisco será lembrado como o papa do sorriso leve, da cruz de ferro simples no peito, do discurso firme contra a desigualdade e da coragem de acolher os excluídos.

Hoje, o mundo perde um líder espiritual que caminhou ao lado dos pobres, escutou os que sofrem e tentou, à sua maneira, fazer da Igreja um reflexo do amor que pregava. Francisco partiu. Mas o seu legado permanece vivo nos corações de milhões.