Pastor causa revolta ao associar autismo a entidades religiosas: “Um mal geracional”
Compartilhar
O líder religioso fala em um video nas redes sociais associando o autismo a entidades religiosas e gera revolta entre os internautas
Por kelly Souza
As declarações do pastor evangélico Rogério Wellington Gomes de Oliveira, conhecido como Rogério Zayit, geraram intensa revolta nas redes sociais e entre famílias de pessoas autistas. Em um vídeo que circula na internet, o líder religioso afirma que o autismo é um “mal geracional”, uma espécie de “maldição hereditária”, supostamente ligada a entidades de outras religiões, como Ares, Ogum e São Jorge — figuras associadas à guerra.
Segundo ele, “a entidade que rege o autismo está ligada à guerra. Por isso, o autismo é frenético e, às vezes, violento”. Ele ainda declarou que “toda pessoa que tem autista na sua casa tá ligada a um mal geracional”.
A repercussão foi imediata. Diversas organizações em defesa dos direitos de pessoas autistas e pais de crianças no espectro manifestaram repúdio à fala do pastor. Conforme publicado por portais do meio cristão, grupos já se mobilizam para registrar queixas-crime contra ele por incitação ao preconceito e discurso de ódio.
Rogério Zayit, que acumula mais de 25 mil seguidores nas redes sociais, costuma se posicionar sobre temas controversos em vídeos publicados frequentemente. Até o momento, ele não se pronunciou oficialmente sobre a repercussão do caso.
Observações importantes sobre o tema:
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento reconhecida pelas ciências médicas e psicológicas, sem qualquer vínculo com espiritualidade ou religiosidade.
Associar o autismo a entidades espirituais ou a “males geracionais” perpetua estigmas, desinforma a população e pode prejudicar o acesso a tratamentos adequados.
Declarações como essa também atacam religiões de matriz africana, contribuindo para o avanço do racismo religioso e da intolerância.
Pais e responsáveis devem estar atentos a discursos que propaguem preconceito sob a justificativa de fé, buscando sempre informações baseadas em evidências científicas e respeito à diversidade humana.
O caso levanta um alerta sobre os limites entre liberdade religiosa e discurso de ódio, além de reforçar a importância da luta por uma sociedade mais inclusiva, informada e respeitosa.